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Sola Gratia: O Coração de Deus para seu povo - Jeremias 31

Sola Gratia: O Coração de Deus Para Seu Povo

Acha que Deus se cansou de você? A mensagem de Jeremias revela o oposto: um amor eterno que te atrai com graça. Nesta pregação, o pastor Hudson Carvalho aborda que sua salvação não vem de suas obras, mas da bondade de um Deus que te escolheu e jamais te abandonará.

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texto do sermão

Perícope

1 Naquele tempo, diz o Senhor, serei o Deus de todas as tribos de Israel, e elas serão o meu povo. 2 Assim diz o Senhor: O povo que se livrou da espada logrou graça no deserto. Eu irei e darei descanso a Israel. 3 De longe se me deixou ver o Senhor, dizendo: Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí. 4 Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! Ainda serás adornada com os teus adufes e sairás com o coro dos que dançam.
[…]
9 Virão com choro, e com súplicas os levarei; guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho reto em que não tropeçarão; porque sou pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito.
[…]
17 Há esperança para o teu futuro, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para os seus territórios. 18 Bem ouvi que Efraim se queixava, dizendo: Castigaste-me, e fui castigado como novilho ainda não domado; converte-me, e serei convertido, porque tu és o Senhor, meu Deus. 19 Na verdade, depois que me converti, arrependi-me; depois que fui instruído, bati no peito; fiquei envergonhado, confuso, porque levei o opróbrio da minha mocidade. 20 Não é Efraim meu precioso filho, filho das minhas delícias? Pois tantas vezes quantas falo contra ele, tantas vezes ternamente me lembro dele; comove-se por ele o meu coração, deveras me compadecerei dele, diz o Senhor.

Jeremias 31.1-4; 9; 17-20

Introdução à série Post Tenebras Lux

Meus irmãos, estamos em outubro, mês em que comemoramos a Reforma Protestante de 1517. Neste ano, comemoramos 508 anos.

As chamadas cinco solas são cinco afirmações teológicas confessionais da Reforma do século XVI. Estas afirmações resumem o distintivo reformado em contraponto com o Catolicismo Romano.

Muito embora muitos evangélicos comemorem a Reforma Protestante e procuram lembrar das cinco solas, muitos deles não vivem mais o pensamento reformado, porque permitiram que o sincretismo entrasse nas igrejas.

É muito comum no meio evangélico as pessoas terem uma visão dos pastores como se fossem sacerdotes que estão entre Deus e o povo.

  • Isso surge com a visão de que para a oração ter mais vigor, precisam de imposição de mãos dos pastores, como se nossa oração fosse mais poderosa. Esta visão evangélica, na verdade, se aproxima muito do Catolicismo Romano.

Também, é muito comum hoje evangélicos chamarem o espaço onde encontra-se o púlpito de “altar”. Esta também é uma visão Católica Romana que foi inserida no seio evangélico.

  • O único altar que nós cristãos aceitamos foi a Cruz de Cristo, ocasião na qual o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo estava sendo oferecido ao Pai no lugar de pecadores. Só existe um altar que os cristãos devem aceitar, que é a cruz de Cristo, nada mais! E o sacrifico de Jesus foi realizado de uma vez por todas! Não temos mais altar.

De igual modo, também é muito comum o pensamento no seio evangélico de que, para ser salvo, é preciso FAZER, FAZER, FAZER e FAZER.

  • Isto também se aproxima do Catolismo Romano, cujo pensamento é, em geral, semipelagiano: o homem concorre com a graça de Deus para ser salvo.

Hoje, iremos falar exatamente sobre este ponto: a suficiência da graça de Deus para salvação de seu povo como um dos pilares da Reforma Protestante.

Introdução à perícope

Mas, você pode perguntar, por qual motivo foi lido um texto do Antigo Testamento para falar sobre a graça de Deus.

Bem, há muitos motivos pelos quais eu poderia elencar aqui. Mas o que é importante destacar é o seguinte:

1 – como revela a Escritura, a salvação nunca foi pelas obras, mas sempre foi pela graça de Deus.

2 – o povo do Antigo Testamento não foi salvo porque mereceram ser salvos, ou porque eram mais aceitáveis.

Pelo contrário, Deus mesmo escolheu seu povo indigno e todo-pecaminoso, desde a fundação do mundo, para mostrar as riquezas da glória da sua graça, por meio de Jesus Cristo, o Deus-homem perfeito.

O texto que lemos é o ponto alto do livro do profeta Jeremias. Os capítulos 30 a 33 são conhecidos como “O Livro da Consolação”, porque Deus revela ao seu povo nesses capítulos a resposta definitiva à pecaminosidade deles. Após estes capítulos, vemos juízo de Deus contra as nações.

Em meio à multidão dos pecados do povo, Deus revele mais fundo o seu próprio coração. Pela graça, Deus não dá o que seu povo merece.

Antes do chamado “O Livro da Consolação” vemos a triste e desastrosa história de pecado na vida do povo de Deus. São 29 capítulos de história terrível de pecado.

  • No capítulo 1 Deus diz: “Eu vou pronunciar contra vocês vários juízos por causa dos vossos pecados!” (Jr 1.16);
  • No capítulo 2 o Senhor diz: “Vocês me abandonaram!!!” (Jr 2.13);
  • No capítulo 3 Deus diz: “Vocês mancharam a terra com a prostituição e a maldade de vocês!” (Jr 3.2);
  • No capítulo 4 Deus diz: “Até quando vocês vão ficar tendo pensamentos malignos??” (Jr 4.14);
  • No capítulo 5 o Senhor diz: “Vocês são pessoas obstinadas (teimosas) e rebeldes!” (Jr 5.23);
  • No capítulo 6 Deus faz uma símile com seu povo: “Assim como o poço conserva águas frescas, assim vocês conservam fresca a vossa maldade!” (Jr 6.7).

Demos ênfase aqui a apenas a alguns excertos que podem ser encontrados nos primeiros seis capítulos do livro de Jeremias. E assim, segue-se até o capítulo 29.

Após a densa e terrível narrativa da pecaminosidade do seu povo, Deus expressa o motivo pelo qual Ele não o abandonou:

…Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.

Jeremias 31.3b

Em outras palavras, Deus está dizendo: “Eu amei vocês com amor eterno e nada pode apagar o meu amor por vocês!”. “Eu atraí vocês com a minha bondade!”.

É pela graça que Deus move seu coração em direção do seu povo pecaminoso. Ao invés de abandoná-los e deixa-los perecer, Deus abre seu coração para dizer: “Eu não amo vocês apenas hoje, ou ontem… eu sempre vou amar vocês!”.

Disciplina para os Filhos. Juízo para as nações ímpias

Em razão do pecado do povo, Deus enviou um povo estrangeiro e perverso para disciplinar seu povo: Deus escolheu os Babilônios para levarem o povo para o cativeiro.

É completamente antagônico o povo de Deus ser escravizado. Deus chamou seu povo para a liberdade. Mas em tudo Deus está nos ensinando: o pecado é uma maldição que leva à escravidão da alma.

Por meio da escravidão, o povo está sendo ensinado que eles não foram escolhidos para serem escravos, mas para serem livres.

Deus mesmo levantou a Babilônia para disciplinar seu povo:

8 Portanto, assim diz o Senhor dos Exércitos: Visto que não escutastes as minhas palavras, 9 eis que mandarei buscar todas as tribos do Norte, diz o Senhor, como também a Nabucodonosor, rei da Babilônia, meu servo, e os trarei contra esta terra….

Jeremias 25.8-9

Deus anuncia que este período de correção durará 70 anos e que, muito embora ele mesmo tenha levantado a Babilônia contra o povo de Judá, Deus irá tratar com eles posteriormente:

11 Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei da Babilônia setenta anos. 12 Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade do rei da Babilônia e a desta nação, diz o Senhor, como também a da terra dos caldeus; farei deles ruínas perpétuas.

Jeremias 25.11-12

O que fica claro é que: para os ímpios, Deus pode até permitir que eles cumpram um propósito santificador no povo de Deus, mas depois Deus irá vingar seu povo amado.

Vejamos, irmãos, como isso fica claro dentro do chamado “O Livro da Consolação”, no verso 11 do capítulo 30:

Porque eu sou contigo, diz o Senhor, para salvar-te; por isso, darei cabo de todas as nações entre as quais te espalhei; de ti, porém, não darei cabo, mas castigar-te-ei em justa medida e de todo não te inocentarei.

Jeremias 30.11

Isso reverbera uma verdade muito clara na Escritura: o povo Deus pode receber disciplina (sofrimento), mas nunca um juízo perpétuo. Os ímpios, todavia, receberão um juízo eterno da parte do Senhor.

Isso está conectado com toda a Escritura e a narrativa bíblica (histórico-redentiva). Vejamos:

Porque o Senhor repreende a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem.

Provérbios 3.12

Deus é o Pai do seu povo. Um verdadeiro Pai nunca abandona seus filhos. O Pai disciplina porque ama seus filhos e não os quer longe, mas perto! O Pai é santo e seu povo precisa entender de uma vez por todas isto!

Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus.

Levítico 20.7

porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.

1Pedro 1.16

Esta verdade revelada em Provérbios é ecoada no relacionamento de Deus com seu povo também no Novo Testamento (Carta de Laodiceia):

Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.

Apocalipse 3.19

Assim, Deus visita seu povo com a disciplina por causa dos pecados. Mas em relação aos ímpios, Deus manifesta seu ira em razão de seus pecados.

E sabe porque acontece assim? Não é porque o pecado do povo de Deus é menos ofensivo do que o pecado dos ímpios. De modo algum! Ambos merecem a justa punição de Deus.

A razão é que, diante de Deus, seu povo tem um representante que cumpriu integralmente as perfeitas exigências do Pai: Jesus Cristo, o Deus que se fez homem para livrar seu povo escolhido da condenação eterna.

Assim, não é que o pecado do povo de Deus é menos grave do que o dos ímpios. Na verdade, seria até mais gravoso porque eles conhecem a verdade, eles conhecem o Senhor. O povo de Deus é perdoado porque a justiça perfeita diante do Pai clama! Jesus Cristo é o justificador do seu povo. Assim, o amor de Deus pelo seu povo é imutável, é pra sempre!

O amor eterno de Deus pelo seu povo

Observem, amados irmãos, na perícope que lemos, que Deus disse que a história do seu povo iria mudar. Não porque são bons, ou porque merecem. Mas porque Deus ama eles.

De longe se me deixou ver o Senhor, dizendo: Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.

Jeremias 31.3

Sabe, irmãos, por vezes passamos por desafios em nossa vida. Quando as tempestades nos assolam, parece que Deus escondeu seu rosto de nós.

Por vezes, quando caímos em pecado, pode parecer num instante que Deus vai nos dizer: “Agora chega! Cansei de você! Cansei de te perdoar várias vezes!”. E, assim, pode chegar em nossas mentes a seguinte mentira diabólica: “Deus se esqueceu de você! Ele está cansado de te oferecer perdão e você sempre estragar tudo! Ele não te ama mais! Você, de todos os servos de Deus, deve ser o pior que existe!”.

Para estas questões, temos dois possíveis diagnósticos:

1 – é a voz do diabo, procurando trazer dúvidas sobre quem Deus é; ou

2 – é falta de fé mesmo.

Na verdade, eu usei a conjunção adversativa “ou”, mas pode ser até mesmo as duas coisas.

As pessoas às vezes tem a falsa impressão de que o diabo vive para assustar as pessoas. Na verdade, ele sempre agiu da mesma forma: ele lança dúvidas sobre quem Deus é (sobre o caráter de Deus).

Para você que peca e sofre pelos seus pecados, Deus diz: “Eu não te amei apenas ontem… eu sempre te amei e sempre vou te amar!”.

Meu irmão, você não pode mudar quem Deus é! Isto não está no seu controle. Ele não te ama porque você é bom. Ele te ama porque Ele é bom!

Talvez a falta de fé tenha chegado ao seu coração. Talvez você até já tenha desistido de você mesmo. Mas Deus diz para pecadores que estão cansados de lutar contra seus pecados: “Eu ainda te amo e sempre vou te amar! Eu te perdoo!”.

…Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.

Jeremias 31.3

Foi a bondade de Deus que atraiu você. Deus é exaltado acima de todas as coisas. Mas Ele mesmo se inclina para se relacionar conosco. Deus se importa com nosso sofrimento. Deus se importa quando sofremos e lutamos contra nossos pecados.

Se há aqui pecadores arrependidos que amam o Senhor e desejam agradar a este Deus maravilhoso que estendeu seu manto real de graça e misericórdia… você está no lugar certo!

Deus promete restauração da idolatria

Se você está em ruínas, pensando em desistir porque a vida cristã parece ser muito difícil de ser vivida, Deus diz:

Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! Ainda serás adornada com os teus adufes e sairás com o coro dos que dançam.

Jeremias 31.4

Para o povo que estava destruído na ruína de seus pecados, Deus promete restauração completa!

Vejam, irmãos, ao falar sobre seu povo Deus exclamou: “Ó virgem de Israel!”.

Mas você deve lembrar, como falamos no início desta pregação, Deus disse que seu povo havia se prostituído, como pode Ele exclamar: “Ó virgem de Israel”?.

A prostituição aqui diz respeito ao pecado de apostasia, idolatria (o povo amou mais outros deuses do que o Senhor!). Deus os acusa de prostituição porque trocaram o verdadeiro Amor por outros amores! Deus não aceita dividir seu coração!

Mas quando Deus restaura, ele chama seu povo de: “Ó virgem de Israel!”. Porque somente Deus pode purificar seu povo e expurgar do coração deles outros amores.

Deus sempre se colocou como noivo espiritual do seu povo. Quando o povo se envolve com outros amores (idolatria), Deus os acusa de traição.

E você pode se perguntar: ora, somos reformados, evangélicos… não somos idólatras!

Se você pensa assim, é porque não entende corretamente como a Bíblia nos ensina o que é idolatria.

As crianças aprenderam na Escola Bíblica Dominical, no Catecismo: Idolatria é confiar nas coisas criadas e não no Criador.

Quantos amores habitam no seu coração?

Há muitos irmãos que perderam o temor a Deus. Fazem de Jesus uma programação de final de semana… alguns, na verdade, fazem de Jesus uma programação quinzenal ou mensal, porque só vem na igreja quando sobra um tempinho na agenda ou quando estão passando por algum aperto. Muitos amores habitam no coração…

Orar a Deus parece não ter tanta importante hoje em dia. Basta falar uma palavra mágica ou usar termos de encorajamento (coach) e tudo está “resolvido”, você se sente bem consigo mesmo.

A Bíblia nos dá várias palavras de encorajamento! Mas palavras de encorajamento sem arrependimento, sem o evangelho de Jesus, vai levar muitas pessoas à condenação eterna.

Somos moldados por aquilo que amamos.

Nossos hábitos, nossos amores, moldam nosso dia-a-dia. Na verdade, todo o pecado cometido é por amor: amor a coisas que Deus odeia. Amor por quebrar a lei de Deus. Amor pelas coisas criadas e não pelo único e verdadeiro amor que se entregou numa cruz maldita!

Para aqueles que se arrependem de permitir habitar muitos amores em seus corações, Deus promete restauração!!! Para aqueles que se arrependem, Deus exclama: “Ó virgem de Israel!”. Em outras palavras: “Vocês são meu povo exclusivo que tanto amo e sempre amei e sempre amarei!”.

A maneira pela qual demonstramos nosso amor pelo Senhor é amando e obedecendo seus mandamentos.

Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.

João 14.21

Devemos amar o Senhor com toda a nossa força e vigor. Aliás, este é o maior de todos os mandamentos (Dt 6.4-5; Mt 22.37-38; Mc 12.29-30).

Devemos amar o Senhor e odiar nosso pecado! Se assim não fizermos, seremos “reformados” idólatras.

O grande e misterioso amor de Deus pelo seu povo

No verso 17 do capítulo 31, vemos que Deus dá esperança aos seus filhos desobedientes:

Há esperança para o teu futuro, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para os seus territórios.

Jeremias 31.17

Deus promete restauração para eles.

Já nos versos 18 a 19 vemos um diálogo que Efraim fala ao Senhor.

Importante você compreender que Efraim é uma das tribos de Israel. Mas, também, é usado no contexto bíblico como um outro termo para designar “Israel”, o povo escolhido do Senhor.

O povo de Deus diz:

18 Bem ouvi que Efraim se queixava, dizendo: Castigaste-me, e fui castigado como novilho ainda não domado; converte-me, e serei convertido, porque tu és o Senhor, meu Deus. 19 Na verdade, depois que me converti, arrependi-me; depois que fui instruído, bati no peito; fiquei envergonhado, confuso, porque levei o opróbrio da minha mocidade.

Jeremias 31.18-19

Em outras palavras: “Senhor, eu merece o teu castigo, mas converte meu coração, e eu verdadeiramente serei convertido, porque Tu és o meu Senhor!”. A palavra SENHOR no original aqui é YHWH, o nome pelo qual Deus se faz conhecido ao seu povo pactual. Quando o povo responde a Deus dizendo “porque tu és o SENHOR, meu Deus”, quer dizer: “porque tu és aquele que me amou e estabeleceu comigo uma aliança eterna!”.

E, meus amados, depois da conversão, vem a consciência: deixar o amor de Deus é a maior de todas as loucuras! A vergonha toma conta do coração.

E Deus tem uma resposta para seu povo:

Não é Efraim meu precioso filho, filho das minhas delícias? Pois tantas vezes quantas falo contra ele, tantas vezes ternamente me lembro dele; comove-se por ele o meu coração, deveras me compadecerei dele, diz o Senhor.

Jeremias 31.20

Deus diz: “Não é Efraim meu precioso filho, o filho que me traz alegria ao coração?”

Vejam, irmãos, Deus não está em dúvida sobre quem é “Efraim”. Deus não tem dúvidas sobre quem é seu povo. Deus nos conhece!

É uma pergunta retórica que visa comunicar: “Vocês são meus filhos preciosos, que alegram meu coração!”

Deus ainda diz: “Todas as vezes, meus filhos, que falei contra vocês, eu me lembrei todas essas vezes do meu grande amor por vocês!”.

Sim, de fato, Deus tinha falado contra eles durante 29 capítulos do livro do profeta Jeremias, por causa da rebeldia deles.

Mas Deus abre seu coração e diz que todas as vezes que ele se levantou contra seu povo para exercer a disciplina, ele se lembrou com ternura, com afeto e grande misericórdia!

Importante você compreender aqui o uso da palavra “lembrar”. Não significa dizer que Deus por um momento se esqueceu deles. Absolutamente! Isto porque “lembrar” aqui não uma mera faculdade da memória. Deus é onisciente, nada escapa do seu saber. Quando Deus diz que “lembrou” do seu povo Ele está dando ênfase ao amor pactual por Eles, a aliança eterna que Deus mesmo fez com eles.

“Lembrar” aqui, então, não é o contrário de esquecer (lembrar x esquecer), mas o contrário de abandonar. Assim, Deus traz à memória o amor pactual por eles, que não pode ser quebrado!

O Coração de Deus para seu povo

E, agora, chegamos ao ponto alto do “Livro da Consolação”: “meu coração se comove por vocês e por isso vou ter misericórdia de vocês!”.

A palavra “coração” aqui em Jeremias em hebraico significa literalmente “entranhas”, o interior da pessoa. Na versão brasileira mais antiga, a Tradução Brasileira (TB), a palavra foi traduzida literalmente, como “entranhas” mesmo.

Assim, a palavra “coração” não pode ser vista apenas como uma forma de dizer uma força cognitiva, a mente. Aqui, o que Deus está falando que é todo o seu interior se comove em favor do seu povo para oferecer graça, misericórdia, perdão e restauração para seu povo todo-pecaminoso.

É claro que Deus não tem “entranhas”. Trata-se, assim, dos sentimentos internos mais profundos de Deus em favor do seu povo. Isso comunica a grandeza do amor de Deus para conosco.

O texto diz: “Meu coração se comove por vocês!”. A palavra hebraica aqui traduzida como “comove” significa literalmente “fazer barulho”, “agitar”, o que denota a ideia de inquietude interior. O que Deus está fazendo é revelar a profundidade das afeiçoes dele em favor do seu povo.

Vemos aqui o transbordar do coração de Deus.

Quando você está afundado em seus próprios erros, precisando de socorro, o que você pensa a respeito de Deus?

Às vezes podemos pensar que Deus é frio e calculista. Tão justo e tão perfeito que está aguardando um tropeçar nosso para nos condenar.

Bem, eu já pensei isso algumas vezes, mas graças a Deus eu estava errado. Eu tinha uma visão muito turva sobre quem Deus é. Eu procurava limitar o amor dele por mim.

Talvez você já se sentiu assim, ou se sente assim…

Na verdade, nós é que por muitas vezes somos frios e calculistas: tratamos o amor dele com frieza de coração. A falta de temor nos leva ao pecado. Por isso, a Bíblia nos diz que o temor a Deus é o princípio da sabedoria (Pv 9.10).

Todos os pecados que cometemos são cometidos diante do Deus todo-poderoso. Ele sabe de todas as coisas. Ele sabe quantas vezes nosso arrependimento foi superficial e por vezes fingido.

Às vezes estamos afundados em nossas trevas… podemos pensar… é agora que Deus vai exercer seu juízo contra mim e acabar comigo de uma vez… e se ele fizesse isso, ele estaria satisfazendo sua justiça.

Mas somos surpreendidos pelo coração de Deus. Do coração de Deus flui graça, amor e misericórdia em favor do seu povo.

O coração de Deus se move em favor de pecadores que se arrependem de seus pecados.

Quem é regenerado pelo Espírito de Deus, quando peca, sofre.

Mas alguém precisa pagar o preço do pecado. O povo de Deus não é inocente… se Deus salva seu povo sem pagamento pelo pecado, Deus se manifesta como injusto.

Mas dentro do “Livro da Consolação”, no capítulo 30, verso 21, Deus diz:

O seu príncipe procederá deles, do meio deles sairá o que há de reinar; fá-lo-ei aproximar, e ele se chegará a mim; pois quem de si mesmo ousaria aproximar-se de mim? —diz o Senhor.

Jeremias 30.21

Deus promete que do seu povo escolhido viria um príncipe que irá reinar. Este princípio tem a coragem de se aproximar de Deus.

Deus mesmo diz: “Quem por acaso teria a ousadia de se aproximar de mim?”.

Este príncipe se apresentou diante do Pai para levar toda a condenação pelos pecados do seu povo, porque esses príncipe é Santo, Santo, Santo.

A promessa de restauração de Deus em favor do seu povo não é como se Deus estivesse jogando por debaixo do tapete toda a condenação do povo. Antes, é Deus mesmo, pela graça, providenciando um justificador, alguém que poderia suportar a ira de Deus a fim de livrar seu povo da condenação eterna!

Este é da linhagem de Davi. É Jesus Cristo, o Redentor do povo de Deus!

Assim, Deus restaura seu povo pecaminoso, mas isso tem um preço. Este preço, Deus mesmo desejou pagar em favor deles por amor.

Conclusão

A Bíblia nos mostra um quadro terrível da condição humana diante de Deus: todos pecaram. Todos merecem ser condenados por seus próprios pecados.

Ninguém jamais conseguiu cumprir a Lei de Deus, exceto Jesus Cristo, o Deus-homem. A salvação não pode ser pelas obras, porque se fosse todos estariam condenados.

A Lei Moral de Deus, expressa no decálogo (Dez Mandamentos), serve para nos mostrar quão distantes estamos de ser perfeitos diante de Deus. A Lei tem por objetivo mostrar o pecado.

O evangelho anuncia esperança ao povo que andava em trevas. Deus anuncia perdão de pecadores por meio da reconciliação na cruz de Cristo.

E esta justificação é somente pela graça! Nunca fizemos nada para merecermos, mas Deus mesmo providenciou todas as coisas!

Nossa justiça não advém das obras da Lei, mas advém da perfeita justiça de Cristo Jesus, que nos foi outorgada por Deus pela graça.

Meus amados irmãos, do coração de Deus flui graça!

Deus não te escolheu, porque algum dia você daria algum fruto na sua vida. Deus te escolheu para você dar muitos frutos mediante o poder Dele que opera na sua vida, pela obra transformadora do Espírito Santo.

Deus não te escolheu porque há em você beleza ou formosura. Deus trocou a feiura do seu pecado pela beleza de Cristo Jesus.

Deus não te escolheu porque você se veste com modéstia. Deus te escolheu para cobrir a nudez do seu pecado; Ele te vestiu com vestes reais.

Deus não te escolheu porque você é bom. Deus escolheu você porque Ele é Bom!

Sola Gratia!

Sola Gratia!

Amém!

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