Vendo-o, disse-lhe: És tu, ó perturbador de Israel?
1 Reis 18:17
Ser chamado de “neopuritano” por certos círculos eclesiásticos soa, na maioria das vezes, como uma tentativa de desqualificação. O termo, utilizado de forma pejorativa, carrega uma intenção clara: rotular aqueles que zelam pelo compromisso com a Escritura como intransigentes, anacrônicos e incompatíveis com a “modernidade” da igreja contemporânea. Mas, no fundo, o que está por trás desse uso?
Quem lança mão dessa pecha tem um objetivo: desmoralizar e isolar aqueles que não dobram os joelhos à cultura ou ao pragmatismo. Em vez de reconhecer o zelo por um culto centrado em Deus e por uma teologia pura, preferem caricaturar pastores confessionais como se estivessem presos a um passado distante. É uma estratégia que revela mais sobre os acusadores do que sobre os acusados.
O Anacronismo do rótulo “neopuritano”
Reconheçamos: não existem puritanos hoje. Aquele movimento histórico, nascido da Reforma Inglesa, pertence ao seu próprio tempo. Mas quem dera fôssemos como eles! Quem dera tivéssemos o mesmo amor pela pureza da doutrina, a mesma reverência no culto e o mesmo zelo pela santidade pessoal e comunitária.
O rótulo “neopuritano” é, no fundo, um anacronismo mal-intencionado. Ele busca transformar virtudes — como a fidelidade confessional, o apego às Escrituras e o compromisso com o princípio regulador do culto — em defeitos. É a velha tática de tentar silenciar o justo, como no tempo dos profetas, quando a acusação de fanatismo recaía sobre aqueles que se recusavam a desviar-se do caminho estreito. Elias foi chamado de “perturbador de Israel” (1 Reis 18:17) por confrontar o pecado do povo e a idolatria promovida pela liderança.
Fidelidade Confessional: Virtude ou Anacronismo? Teologia Maleável ou a Pureza Doutrinária?
O problema não está naqueles que são chamados de “neopuritanos”, mas naqueles que lançam a acusação. O zelo confessional desafia a mediocridade. A defesa do culto bíblico expõe o show que muitas vezes toma conta das igrejas. A insistência na pureza doutrinária incomoda aqueles que preferem uma teologia maleável, moldada à conveniência cultural.
Para muitos, o “neopuritano” é aquele que resiste à ordenação feminina, que defende cânticos bíblicos no culto (o cântico dos Salmos), que não se rende à infantilização do cristianismo. Em outras palavras, ele é o incômodo necessário em um ambiente que prefere o conforto da conformidade à dificuldade da fidelidade.
Mais Elogio que Insulto
Quando ouvimos esse tipo de rótulo, temos duas opções: recuamos ou assumimos. Não há espaço para neutralidade. Se ser chamado de neopuritano significa defender o culto puro e simples, apegar-se à confissão reformada e caminhar na contramão do espírito desta era, então carreguemos esse nome com alegria.
Afinal, quem dera fôssemos mesmo puritanos! Quem dera nossas igrejas transbordassem da mesma paixão por Cristo que movia aqueles homens e mulheres da história. Se há algo a temer, não é o rótulo, mas o risco de sermos encontrados mornos no Dia do Senhor.
Então, que fique claro: ser chamado de neopuritano, se for por fidelidade ao Evangelho, é mais elogio do que insulto. É melhor ser incompreendido pelo mundo do que negligente diante de Deus.