Perícope
Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados. Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.
Romanos 8.14-25
Introdução
Deus é Senhor sobre tudo e sobre todos. Toda a criação, o vasto universo, não são experiências de um “cientista maluco”, que cria coisas de forma irresponsável, sem saber ao certo o que está fazendo e como sua criação será no futuro. Pelo contrário, a grandiosa criação é o palco onde a glória de Deus é revelada.
Neste grandioso espetáculo de glória, só há um protagonista e um que merece toda a honra e toda a glória: Deus — o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Os filhos de Deus participam deste espetáculo como coadjuvantes, aqueles que foram objetos do grande amor de Deus e se tornaram partícipes desta glória.
A Bíblia descortina diante de nós um grandioso e eterno plano de redenção, no qual Deus não está apenas olhando as coisas acontecerem, mas está agindo e controlando para que a história tenha um fim adequado: a sua própria glória. E os filhos de Deus, salvos por Jesus Cristo, são partícipes desta glória.
Neste espetáculo, não há encenação, como costumamos a ver numa bela peça teatral, nem mesmo falsidade. Antes, tudo é real! Deus não está brincando, Satanás e os demônios também não… mas muitas pessoas estão brincando com a realidade. E a dura realidade é esta: que todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus (Rm 3.23). Deus há de julgar todos os pecadores, vivos e mortos, conforme os atos que praticaram, porque o salário do pecado é a morte (Rm 6.23).
Nosso pecado é odioso e merece a justa condenação do justo juiz que tudo vê. A encarnação do Filho e todo o seu sofrimento e humilhação denotam a danosidade do nosso pecado. O pecado é tão odioso e tão grave que foi preciso Deus resolver um problema que os homens, por meio de Adão, o cabeça federal da humanidade, causaram.
Deus não apenas planejou um grandioso plano de salvação, mas também cumpriu e consumou este glorioso projeto.
Deus sabe o que está fazendo desde o princípio. Ninguém é o conselheiro de Deus; ninguém é foi seu preceptor. Mas Deus governa todas as coisas conforme sua infinita e eterna sabedoria.
A criação, portanto, não é um carro desgovernado, sem direção e sem propósito. Deus não se divorciou da sua criação deixando as coisas seguirem o seu próprio curso “natural”, como afirmam os deístas. Estes, diminuem a glória de Deus com a falácia de seu argumento.
Por que há sofrimento no mundo?
E talvez você pode dizer: “Mas se Deus está governando o mundo, porque então vemos tanto sofrimento, tantas pessoas na miséria, tanta corrupção, tanta maldade, tanta inversão de valores, e etc…”
Muito provavelmente, pessoas que pensam desta forma chegam a duas possíveis conclusões:
1) ou Deus não está governando nada, Ele é apenas o criador das coisas, que perdeu o engajamento com sua criação. Isto é, tudo o que acontece é porque decorre de um “processo natural”, não é a mão de Deus;
2) ou Deus vê as coisas acontecerem e não pode fazer nada, pois é limitado em poder.
Ambas as afirmações que acabei de dizer são falsas e de procedência maligna, porque negam a própria revelação que Deus faz de si próprio na Escritura Sagrada.
A primeira afirmação (de que Deus é criador, mas que agora não está mais engajado com a criação, isto é, Ele deixa todas as coisas seguirem seu curso “natural”), é uma visão deísta, que não é cristã. Trata-se de uma visão herética que nega parte da Escritura e diminui o louvor da glória de Deus.
A segunda afirmação (de que Deus vê tudo acontecer, mas nada pode fazer), é uma visão de um deus que não é o Deus de Israel, revelado nas Escrituras. Talvez seja o desenho de algum deus pagão, não o único e verdadeiro Deus, YAHWEH. O único Deus verdadeiro é onipotente!
Pode até ser que você tenha estes questionamentos de forma não dolosa, isto é, sem intenção própria de ter uma visão equivocada do único Deus verdadeiro. Pode ser que você tenha esta visão distorcida de Deus pelo fato de você ainda não participar de uma igreja bíblica, ou de uma Escola Bíblica Dominical ou mesmo porque você é um crente que simplesmente não lê a Bíblia.
Minha oração, nesta noite, é que o Espírito Santo te leve a conhecer mais profundamente este grandioso Deus.
Agora, voltando ao questionamento principal: “se Deus está governando o mundo, porque então vemos tanto sofrimento, tantas pessoas na miséria, tanta corrupção, tanta maldade, tanta inversão de valores, e etc…”
Bem, preciso te dizer que, nesta pergunta, há um erro grotesco epistemológico, isto é, um erro de construção do pensamento e validação do conhecimento.
A pergunta que precisa ser feita, à luz do conhecimento bíblico (que é a revelação que Deus faz de si próprio) é:
Como pode um Deus tão justo, tão perfeito, tão santo, que não admite o pecado, suportar por tanto tempo pessoas blasfemas, más e imorais? Como pode Deus ter tanta paciência com estas pessoas, permitindo que vivam suas vidas da maneira como desejam? Como pode Deus ser tão misericordioso assim?
A sentença contra o pecador já foi proferida desde o princípio, em Gênesis: “no dia em que você comer do fruto da árvore do conhecimento entre o bem e o mal você, Adão, irá morrer!”. A palavra Adão, do original Adam, significa “humanidade” ou “ser humano”.
O profeta Ezequiel transmite com precisão: “A alma que pecar, essa morrerá;” (Ezequiel 18.20a).
Após pecar, Deus disse a Adão: “Maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17). A criação perfeita de Deus, então, fica manchada pelo pecado por culpa exclusiva de Adão, isto é, de toda a humanidade.
O pecado é de nossa responsabilidade, nunca de Deus. Somos seres morais, completamente responsáveis por nossos atos. A maldição que toda a criação está sujeita está sob inteira responsabilidade humana. Deus deixou isso muito claro!
A Queda é um fenômeno que não atingiu apenas o homem em todas as suas esferas, mas toda a criação de Deus. Logo, o pecado é a resposta para todo o sofrimento, toda a dor, todas as misérias, toda a corrupção, toda a maldade e toda a inversão de valores que vemos.
Mas, fique tranquilo, Deus está no controle. Há esperança para todo este problema que causamos.
Deus mesmo aceitou levar todo o prejuízo, condenando seu próprio Filho, a fim de redimir os eleitos, os seus filhos, para louvor de sua glória. Deus está fazendo para si o seu exército, que advém de um povo indigno, fraco e pecaminoso, mas que foi objeto do amor eterno de Deus.
(v. 14) Quem são os filhos de Deus?
Paulo responde a este questionamento afirmando que os filhos de Deus são aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus.
Não há como o homem natural ser guiado pelo Espírito, porque simplesmente o homem natural não entende e não consegue agradar a Deus.
Uma vez que Deus nos chamou para esta tão grande salvação, fomos convencidos pelo Espírito Santo de Deus do nosso estado caído, precisando de socorro, misericórdia divina. Assim, o Espírito Santo nos outorga ao coração a graça do arrependimento.
Uma vez arrependidos do nosso pecado, fomos selados com o Espírito Santo da promessa para o dia da redenção. Este selo é o batismo com o Espírito Santo, que nos une a Cristo e ao Corpo de Cristo.
Somente capacitados pelo Espírito Santo é que podemos ser guiados por Deus. Os filhos de Deus obedecem a Deus. A obediência não é a causa da nossa salvação, porque se assim fosse seria uma boa obra meritória. Mas a Palavra afirma: “não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.9). A causa da nossa salvação está exclusivamente em Deus, em seu infinito e eterno amor transbordante.
Então, nossa vida de obediência é consequência da graça de Deus derramada sobre nós. As obras não salvam; mas os salvos praticam as boas obras, que Deus nos predestinou a fazê-las.
Só podemos fazer boas obras no poder do Espírito de Deus. Logo, o Espírito nos guia a obedecemos aos mandamentos de Deus porque o Senhor nos regenerou.
(v. 15-16) O testemunho do Espírito em nós
O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
Romanos 8.16
E sabemos que somos filhos de Deus. É o Espírito Santo quem dá este testemunho em nosso coração.
Não devemos viver uma vida de medo do futuro. Não somos mais escravos do pecado para termos medo, mas recebemos o Espírito de adoção — agora, temos um Pai. Por meio de Cristo Jesus, Deus nos adotou.
Somos muitos irmãos, unidos no amor de Deus. Somos um só corpo, o Corpo de Cristo Jesus.
Jesus orou no momento da sua agonia, perto do momento da crucificação, na quinta-feira à noite: Mc 14.36 “E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres.”
Jesus estava no Getsêmani, pouco antes de ser preso. Em agonia ele clamou a Deus e disse “Aba, Pai”. Nos momentos de maior agonia podemos chamar Deus de pai, assim como o Senhor Jesus chamou. Deus nos ama como ama seu Filho Jesus. QUE PRIVILÉGIO!
Assim, estas verdades devem ecoar em nossa mente, ainda que estejamos passando por sofrimentos em nossa vida.
(v. 17) O sofrimento é necessário, presente e real!
No final do verso 17, Paulo nos ensina:
Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados.
Romanos 8.17
Devido ao fato de que somos filhos de Deus, e coerdeiros com Jesus Cristo, nosso Senhor, precisamos ser partícipes no seu sofrimento, para que sejamos partícipes da sua glória.
Como verdadeiros cristãos, precisamos nos conformar com Cristo em sua morte, para que possamos fruir das belezas eternas da sua ressurreição. Paulo explora este tema em Filipenses 3.10, quando aborda justamente a necessidade de os crentes terem comunhão com os sofrimentos de Cristo.
É inevitável enfrentar sofrimento na vida. Não há como escapar!
Paulo está escrevendo aqui justamente porque muitos cristãos estavam pensando que o sofrimento é incompatível com a fé cristã. Paulo ensina justamente o contrário: a necessidade de conformidade com a morte do Senhor Jesus, ou seja, de termos comunhão com Cristo em seus sofrimentos.
Foi por entender corretamente a doutrina da Palavra que a Igreja Primitiva suportou as inúmeras perseguições.
Mesmo quando eram injustamente condenados, quando perdiam todos os seus bens, ou mesmo eram lançados às feras na arena juntamente com seus filhos, ao invés de lamentarem, eles entendiam que Deus estava sendo glorificado em meio ao sofrimento.
Eles se consideraram dignos de padecer pelo precioso nome de Jesus.
(v. 18) O sofrimento não se compara com a glória!
Não é apenas os ímpios que sofrem as consequências de um mundo caído e maldito. Os santos também, enquanto habitam no corpo mortal, sofrem, choram, clamam ao Senhor por socorro!
O sofrimento faz parte da vida humana. Ao longo de nossas vidas colhemos muitos frutos amargos.
Se você ainda não recebeu o Senhor Jesus em sua vida, e está presente aqui nesta noite, fique tranquilo que não vou te prometer nada que seja falso. Não vou falar que, após você receber a Cristo como Senhor e Salvador, você irá enriquecer, ter saúde plena, ter uma vida confortável e nunca mais irá chorar.
Este é um falso evangelho que está permeado no movimento evangelical brasileiro.
Mas há uma boa notícia!
O que posso te afirmar que, ao receber a Cristo como Senhor e Salvador da sua vida, o seu sofrimento não será para sempre! Ele terá um fim. A alegria será plena e eterna na presença de Deus.
Deus preparou seus filhos para a glória!
Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.
Romanos 8.18
O apóstolo Paulo afirma no verso 18: O destino dos filhos de Deus é a glória!
Paulo procura fazer um contraste entre o sofrimento presente e a glória futura, que somente os filhos de Deus irão fruir.
Podemos parafrasear o que Paulo está nos ensinando aqui da seguinte forma:
“O sofrimento que vocês, cristãos, vivem nesta vida não será para sempre! Suportem o sofrimento, porque se compararmos a glória eterna que Deus separou para vocês, verão que o sofrimento é apenas por um pouco de tempo!”
E mais: “Suportem por um pouco de tempo e lembrem-se que em breve vocês nunca mais vão sofrer, nem chorar, nem se sentirem abandonados, porque o Senhor será o pastor da vida de vocês para sempre! Ele dará a vocês repouso eterno, alegria que não pode ser expressa em palavras humanas. Aguardem! Aguardem! Suportem, porque vai valer a pena!”
(v. 19) A Revelação dos Filhos de Deus: uma expectativa ardente e vibrante
A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus.
Romanos 8.19
Como disse anteriormente, os filhos de Deus são todos aqueles que possuem o nome escrito no Livro da Vida do Cordeiro desde a eternidade. Todos aqueles que estão em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Não estão diante de Deus por conta própria ou debaixo da representatividade de Adão, mas estão afiançados e representados pelo melhor de todos os advogados, Jesus Cristo, que defende os santos com seu próprio precioso sangue.
Os santos do Antigo Testamento morreram na fé, naquilo que aguardavam, a manifestação do Messias. Morreram confiando na promessa de Deus. Estes, creram no Cristo que viria no curso da história da humanidade. Nós, que estamos debaixo da Nova Aliança, estamos na fé do Filho único de Deus, Cristo Jesus, que foi manifesto.
Só há salvação em Jesus. Não há outro nome pelo qual devamos ser salvos.
O mundo não conhece quem são os filhos de Deus!
O mundo tem uma ideia de religião, cristianismo e etc. Mas há muita confusão. Nem todos os que professam a fé cristã são filhos de Deus. Há muitos que diante do Senhor comparecerão e dirão no Grande Dia: “Senhor, Senhor, em teu nome nós profetizamos! Em teu nome expulsamos demônios! Em teu nome nós fizemos milagres!”. O Senhor dirá: “Apartem-se de mim vocês, que praticam a iniquidade!” (Mateus 7.22-23).
Não devemos dar créditos a qualquer espírito, diz a Escritura em 1Jo 4.1.
Satanás não tem por objetivo assustar as pessoas, mas engana-las, pervertendo a verdade de Deus e fazendo com que as pessoas acreditem confortavelmente na mentira.
Mas Deus irá manifestar a todo o mundo quem são os seus filhos! E mais! Não apenas os ímpios conhecerão quem são os filhos de Deus, mas será uma manifestação dada a toda a criação!
(v. 20-21) O Cativeiro da Criação
Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
Romanos 8.20-21
Como afirmamos anteriormente, a maldade que vemos no mundo de hoje é culpa exclusiva do pecado do homem. As criaturas inocentes da terra e do céu são punidas por nossos pecados. A condenação da raça humana está impressa e impregnada na criação.
Observem comigo, no verso 20, a expressão: “a criação está sujeita à vaidade”. A palavra “vaidade” aqui, no original grego, significa perversidade ou depravação.
“não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou”
Com efeito, a Palavra de Deus afirma que a criação está debaixo da maldição do pecado não porque escolheu isto, mas por culpa exclusiva do homem. A criação sofre pelo pecado da humanidade.
Mas não será assim para sempre!
Deus não apenas está salvando um povo para si. Deus, por meio de Jesus Cristo, está restaurando todas as coisas, toda a ordem cósmica será impactada!
Paulo afirma em Colossenses 1.20 que por meio de Cristo Jesus Deus está reconciliando consigo mesmo todas as coisas, quer as coisas da terra, quer as coisas do céu.
Por meio da reconciliação no sangue precioso de Jesus, Deus está livrando a sua criação da prisão maldita que os homens a colocaram (“Maldita é a terra por sua causa” – Gênesis 3.17).
A rebelião será julgada definitivamente e não mais existirá pecado.
Deus, por meio de Jesus Cristo, está fazendo tudo novo. Deus anuncia que haverá uma nova criação, um “Novo Céu e uma Nova Terra”, onde habitará para sempre a justiça de Deus!
Na nova criação, não precisaremos mais do grandioso Sol, que traz luz e aquece o mundo, mas a glória de Deus é que iluminará para sempre a nova criação.
Jesus Cristo é a nova criação. Por meio da sua morte e ressurreição, Jesus matou a morte. O puritano pastor John Owen escreveu uma belíssima obra sobre isso: “A morte da morte na morte de Cristo”.
Hoje experimentamos a regeneração do coração, como prenúncio de uma nova criação que está para chegar. Em Cristo, temos a esperança da glória celeste. Muito em breve, quando Jesus retornar, nosso corpo humilhado e abatido (tendencioso ao pecado) irá ser revestido de um novo corpo, semelhante ao do Senhor Jesus na sua ressurreição.
A criação, enfim, será redimida do cativeiro que a humanidade a colocou. Conforme o texto afirma, tudo isso será para a glória dos filhos de Deus!
(v. 22-23) Os Gemidos
Há três gemidos aqui: O gemido da Criação (v. 22); o gemido dos filhos de Deus (v. 23); e o gemido do Espírito Santo (v. 23).
O gemido da criação
O gemido da criação está ligado com o que foi dito no verso 19, a “ardente expectativa”. A criação geme aguardando a redenção, a libertação da maldição e a manifestação dos filhos de Deus.
O gemido dos santos
O gemido dos santos está ligado diretamente ao nosso intenso e íntimo desejo pela redenção do nosso corpo.
Os crentes gemem porque eles, assim como a criação, estão sujeitos à maldição de Adão na presente era perversa. Os crentes também gemem porque sabem que o Espírito Santo, que habita em seus corações regenerados, é a prova (a garantia) de que um corpo ressurreto e glorioso, semelhante ao de Jesus, certamente os espera!
Quem é santo, um verdadeiro cristão, odeia quando peca. Quando pecamos, e infelizmente cometemos erros todos os dias, nossa alma se angustia, porque não fomos destinados para a condenação. Amamos o Senhor e seus mandamentos. Lutamos todos os dias contra nossas tentações, para não negarmos o nome do Senhor na nossa vida. Odiamos o pecado, porque amamos a Deus. Nosso maior anseio é habitar num corpo glorificado, que sempre agradará a Deus e nunca mais pecará. Estaremos para sempre livres do pecado! Este é o nosso gemido, o gemido dos filhos de Deus: vem Senhor Jesus, restaure nosso corpo e toda a criação para a tua glória!
Então, o gemido do cristão tem dois aspectos, se assim pudermos classificar: um negativo e outro positivo. Negativo porque nesta era sofremos, choramos, clamamos ao Senhor por misericórdia; as intemperes da vida nos machucam. E muito! Positivo porque gememos pela manifestação da glória de Deus, na era vindoura.
Assim, o sofrimento cristão é escatológico!
Somos convocados a não apenas a olharmos o nosso sofrimento hoje, mas a clamarmos pela era vindoura, o dia em que os filhos de Deus serão manifestos em todo o cosmos, e habitaremos no Novo Céu e na Nova Terra, num ambiente completamente restaurado: será muito melhor que o Éden!
O gemido do Espírito
O gemido do Espírito está ligado ao fato de que o Espírito nos auxilia em nossas fraquezas. O Espírito de Deus outorga aos nossos corações arrependimento diário, temor a Deus, poder do alto céu para vencermos nossos pecados.
Não há nenhum pecado que não possa ser vencido no poder de Deus! Portanto, cristão, não desista de lutar! Persevere na fé!
O Espírito Santo nos auxilia na oração; Ele nos inspira a orar. Logo em seguida, Paulo reforça o gemido do Espírito em Romanos 8.26: “o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis”.
(v. 24-25) A esperança nos move a continuar
A esperança é o que sustenta o cristão na caminhada. A presença do Espírito Santo em nós é a manifesta certeza de que um dia teremos um novo corpo, semelhante ao de Cristo Jesus na sua ressurreição, e veremos Jesus como Ele é! Face a face o veremos!
É pelo coração esperançoso que conseguimos descansar em Deus em meio às tempestades da vida.
A paz que excede todo o entendimento, que reside em nós, não está ligada à situação que enfrentamos, ou porque tudo na nossa vida “dá certo”, mas decorre de uma plena convicção, dada pelo Espírito, de que somos filhos de Deus e estamos para todo o sempre justificados diante do Tribunal de Deus!
Não estamos mais em Adão, estamos em Cristo!
Esperança significa espera ansiosa e ardente pela glória de Deus, mas também paciente. E isso deve impactar nossas vidas cotidianas.
A tensão escatológica cristã
A vida cristã é uma vida de tensão escatológica, que pode ser traduzida na famosa expressão: “já e ainda não”.
Isto é, vivemos verdadeiramente um estado de regeneração do coração, pelo habitar do Espírito em nós; mas ainda Deus não transformou nosso corpo mortal (isto se dará no evento denominado como “Parausia”, quando Cristo Jesus voltar para buscar os seus escolhidos!).
Os cristãos são chamados de santos na Palavra de Deus. Isto não significa que eles não erram e não pecam mais, mas que estão sendo santificados pelo Espírito, para se conformarem (tomarem a forma) de Cristo Jesus, nosso Senhor.
O Reino de Deus já está entre nós. O Reino de Deus já foi inaugurado na vinda de Cristo Jesus, na manifestação visível do Deus invisível. “Quem vê o Filho, vê o Pai!”. Como o Senhor Jesus afirmou, o reino de Deus não vem com a aparência que as pessoas imaginam. Jesus eliminou este pensamento, conforme registrado em Lucas 17.20. No entanto, quando Jesus retornar, viveremos a consolidação do Reino de Deus, com o julgamento de Satanás, dos demônios e dos ímpios.
Não viveremos a consolidação do Reino neste mundo caído, mas num mundo completamente restaurado, no Novo Céu e na Nova Terra, nos quais habitará para sempre a justiça de Deus.
A esperança não é algo visível
Paulo argumenta que esperança que se vê, não é esperança. É totalmente incongruente o pensamento de que a pessoa tem esperança naquilo que consegue enxergar com seus olhos.
Deus, pelo seu Espírito, nos capacita a enxergarmos a manifestação da glória dos filhos de Deus. Ainda que soframos nesta vida, somos convocados a olharmos para frente, a olharmos para a glória que haverá de ser manifesta a todos.
A esperança implica paciência
Nas tribulações precisamos ter paciência. Precisamos estar com o coração firme em Deus para entender que nosso sofrimento é por apenas um pouco de tempo, e não se compara com a glória eterna que será revelada.
Durante nossa jornada e peregrinação nesta vida precisamos saber esperar diligentemente e de forma perseverante.
Paulo explica em 2Co 4.18 que “as coisas que são visíveis são transitórias, mas as coisas que são invisíveis são eternas”.
Conclusão
1 – Todo o sofrimento que vemos neste mundo caído e maldito decorre do pecado da humanidade. O pecado não é um desastre que ficou restrito aos seres humanos, mas amaldiçoou a própria criação de Deus.
2 – O sofrimento é a dura realidade da vida. Atinge ímpios e cristãos.
3 – Paulo nos ensina que o sofrimento não é incompatível com a fé cristã. Antes, é necessário que sejamos partícipes do sofrimento de Cristo para que sejamos partícipes da sua glória.
4 – Ao enfrentamos o sofrimento, não devemos nos perturbar quanto a isso, ou ficarmos desesperados, achando que Deus nos abandonou. É simplesmente impossível Deus abandonar um filho seu. Antes, Deus nos convoca a fazermos em nossas mentes um contraste: o sofrimento momentâneo não pode se comparar com a glória eterna que Deus reservou para nós, os seus filhos.
5 – O sofrimento dos filhos não será para sempre! O sofrimento dos ímpios, sim, será para todo o sempre.
Se você se sente culpado por seus pecados e está frio espiritualmente, não achando mais que é filho de Deus, eu convido você para confessar seus pecados diante do Senhor. Somente os filhos terão suas lágrimas enxugadas por Deus. Somente os filhos têm direito à herança. Somente os filhos de Deus foram destinados para a glória!
Que o Espírito traga arrependimento ao seu coração.
Para você, cristão, que está sofrendo com alguma tribulação, tenha esperança e paciência para suportar! Lembre-se desta verdade bíblica: “o sofrimento é apenas momentâneo, não se compara com a glória que Deus reservou para os seus filhos”.
Amém!