A Esperança do Crente na Morte

Nunca mais sofreremos com o pecado e com tristezas

Ressurreição Corpo Glorificado

Existem muitos problemas e tribulações que vêem sobre o crente nesse “vale de lágrimas”, mas nenhum deles é tão perturbante como a morte. A morte é algo que lança temor no mais forte coração, pois é o fim dessa vida terrena. Na morte o corpo se dissolve e volta ao pó, e com essa dissolução do corpo tudo o que pertence à nossa vida terrena é destruído.

Além do mais, não há como escapar das garras da morte. Com a exceção daqueles que estarão vivos no retorno de Cristo, todos devem morrer. Deus diz: “… aos homens está ordenado morrerem uma vez …” (Hebreus 9:27). Isso é verdade do jovem, bem como do velho. Não sabemos o dia, nem a hora quando Deus nos dirá: “Esta noite te pedirão a tua alma” (Lucas 12:20). Qualquer um de nós pode morrer a qualquer momento.

Tudo isso faz da morte uma coisa muito assustadora. Para muitas pessoas ela é algo a ser temido. O próprio pensamento da morte enche seus corações de terror. A antecipação da morte traz sentimentos tais como desespero e desesperança, e as pessoas farão quase tudo para evitar sua inevitabilidade.

Contudo, para o crente as coisas são diferentes. Ele não teme a morte. Com o salmista ele diz: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum …” (Sl. 23:5). Mesmo que esteja andando no “vale da sombra da morte,” ele não teme. Ele sabe que a morte não é o fim de tudo para ele. Ele não morre como a besta do campo. Não morre como alguém sem esperança. Pela graça ele crê que Deus lhe deu a vida eterna, e que a morte é o meio pelo qual ele passa para uma experiência mais gloriosa dessa vida. “Tragada foi a morte na vitória” (1Co. 15:54).

A esperança do crente está fixa no dia do retorno do nosso Senhor, e na ressurreição do seu corpo dentre os mortos. Embora seu corpo retorne ao pó, o mesmo não permanecerá nessa corrupção. Ele será levantado dentre os mortos. O corruptível se vestirá de incorrupção, e o mortal de imortalidade. “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro” (1Ts. 4:16).

Essa é uma das razões pelas quais o crente espera avidamente a vinda de Cristo. Ele anseia pelo dia quando será transformado “num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta” (1Co. 15:52). Nesse momento glorioso todos do povo de Deus serão glorificados e entrarão na bem-aventurança dos novos céus e nova terra. Assim, a oração diária de todo filho de Deus é: “Ora vem, Senhor Jesus” (Ap. 22:20).

Mas isso não é tudo. A esperança do crente não é somente que ele será ressuscitado dentre os mortos quando Cristo retornar, mas que após a morte ele entrará imediatamente na presença de Cristo. O filho de Deus espera Cristo vir na morte para levá-lo ao céu, da mesma forma que espera ele vir no final do mundo. Embora o corpo retorne ao pós e não será ressuscitado até o último dia, na morte, a alma é levada ao céu. Na morte, o crente desfruta conscientemente da bem-aventurança de estar com o seu Senhor e Salvador.

Embora essa verdade seja muito confortadora, ela é negada por muitos que professam ser cristãos. Por exemplo, os católicos romanos crêem que na morte as almas da maioria dos crentes irão para o purgatório, e permanecerão ali por um tempo considerável antes de irem para o céu. Antes de o crente poder ir para o céu, ele deve sofrer o restante da punição temporal por seus pecados.

Existem alguns protestantes evangélicos que crêem que os santos do Antigo Testamento não foram imediatamente para o céu na morte, mas para um lugar diferente que eles chamam de “paraíso” ou “seio de Abraão.” Somente após a morte e ressurreição de Cristo as almas dos santos do Antigo Testamento foram liberadas desse lugar e levadas ao céu. Ainda outros crêem no que é chamado “sono da alma.” Na morte, a alma entra num estado de sono, no qual a pessoa está inconsciente quanto a tudo. Ela permanece nesse sono até o dia da ressurreição, quando uma vez mais sua alma é unida ao seu corpo.

Contudo, a Bíblia deixa muito claro que nenhuma dessas visões é correta. Todo crente pode ter conforto no fato que quando morre, sua alma vai imediatamente para o céu.

Vemos isso a partir das palavras pronunciadas por Cristo ao ladrão sobre a cruz. Jesus disse: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23:43).

Jesus não disse que o ladrão estaria com ele no paraíso após uma longa estadia no purgatório. Nem disse que o ladrão entraria em algum tipo de sono até a ressurreição! Não! Jesus deixou muito claro que o ladrão estaria com ele no céu no mesmo dia em que ambos morreram. Na morte, o ladrão iria para o céu.

Da mesma forma, o apóstolo Paulo cria que na morte o crente vai imediatamente para o céu. Em 2 Coríntios 5:1, ele diz: “Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.”

Quando nossa “casa terrestre” – o corpo e tudo o que pertence à nossa vida terrena – se dissolver na morte, não seremos deixados nu. Há “de Deus um edifício” no céu, no qual habitaremos. Essa não é a ressurreição do corpo, mas um estado celestial de glória que o crente entra na morte. Ele não entra no purgatório quando morre, ou em alguma outra moradia que não o céu. Nem ele dorme. Ao morrer, o crente entra na glória do céu.

Não deveria nos surpreender, portanto, que o apóstolo diria também: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp. 1:21).

Que ganho haveria, se na morte o crente fosse para o purgatório? Que ganho existiria, se sua alma entrasse num estado de inconsciência? Mas visto que a alma do crente vai para o céu imediatamente após a morte, a morte é ganho. Para o crente, a morte é a passagem que o leva desse “vale de lágrimas” para a glória do céu.

Ó, quão glorioso é o céu!

No céu o crente não experimentará nunca mais o pecado, sofrimento e tristeza. Todas essas coisas não mais existirão. Não haverá nenhum velho pecador. Finalmente o crente estará completamente livre da sua natureza má, de forma que será impossível que ele peque. Com o fim de seu pecado, findará também tudo o que o seu pecado traz – o sofrimento e a tristeza desta vida.

Visto que está no céu, e não na terra, ele não mais enfrentará a perseguição e crueldades dos ímpios. Sua alma estará em descanso, como a voz do céu proclama: “Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os seguem” (Ap. 14:13).

No céu o crente experimentará a bem-aventurança da comunhão com todos os outros santos que morreram e foram para o céu. Jesus diz: “… muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus” (Mt. 8:11).

Pense nisso!

Quando o crente morre, ele vai para o “seio de Abraão,” onde se assentará com Abraão, Isaque, Jacó e todos os santos que foram para lá antes dele. Ele se reunirá com os seus amados que morreram no Senhor. O céu será como um grande banquete, no qual o povo de Deus desfruta da companhia uns dos outros, e se regozijam na bem-aventurança da sua salvação.

A esperança do céu, contudo, é muito mais que comunhão com os santos. No céu o crente experimentará a bem-aventurança da comunhão com Cristo, e em Cristo, comunhão com Deus.

O apóstolo nos ensina que “enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor” (2Co. 5:6). Isso porque o Senhor está no céu, e nós na terra. Mas “deixar este corpo” é “habitar com o Senhor” (2Co. 5:8). Quando o crente morre e vai para o céu, ele entra na presença de Cristo. Ele vê Cristo em todo lugar e sempre. Ele o vê como nunca o viu antes, pois o verá face a face.

Assim, na morte o crente entra numa experiência maior do pacto da graça. Ele conhece o amor e a graça de Deus como nunca conheceu antes. Ele anda e fala com Deus de uma forma mais íntima e amorosa. Ele sabe, sem a menor sombra de dúvida, que Deus é o seu Deus e que habitará com ele agora e para sempre. Seu coração está cheio, transbordando em louvor e adoração a Deus.

Não estamos dizendo que na morte o crente entra em seu estado final de glória. Devemos lembrar que na morte o corpo do crente ainda está no túmulo, os céus e a terra ainda não terão sido feitos de novo, e os santos de Deus não estarão todos reunidos. Todavia, esse estado intermediário da alma é o princípio dessa glória eterna que nos espera. É algo que deve dar grande conforto a todos do povo de Deus. No meio de todas as tristezas que pertencem à morte, o crente tem uma esperança maravilhosa. Ele sabe que está indo para o céu!

The Standard Bearer, Volume 66, Issue 7.

Fonte: Covenant Protestant Reformed Church

Rev. Steven R. Houck

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto. Traduzido em setembro/2007.

Nasceu e cresceu na Pensilvânia e estudou na Bucknell University, no Gordon-Conwell Theological Seminary e no Westminster Theological Seminary. Por muitos anos, foi pastor da Redeemer Presbyterian Church, em Manhattan, igreja que fundou em 1989 com a esposa, Kathy, e seus três filhos. Keller também é o presidente e um dos fundadores do Redeemer City to City, um ministério para o fomento da plantação de igrejas em contextos urbanos. É autor best-seller do New York Times e escreveu vários livros, entre eles A cruz do Rei, Deuses falsos, O Deus pródigo, Deus na era secular, Ego transformado, A fé na era do ceticismo, Igreja centrada, Pregação, Nascimento, casamento e morte e muitos outros publicados por Vida Nova.
Stephen J. Wellum (PhD, Trinity Evangelical Divinity School) é professor de Teologia no Southern Baptist Theological Seminary e editor do Southern Baptist Journal of Theology. Stephen e sua esposa, Karen, têm cinco filhos.
Sinclair Fergunson (PhD, University of Aberdeen) é professor de Teologia Sistemática no Redeemer Seminary, em Dallas, e também leciona no Ligonier Ministries. Ferguson foi pastor da First Presbyterian Church, de Columbia, e é autor de diversos livros, entre eles Um coração voltado para Deus e Somente Cristo, publicados por Vida Nova.
Ricardo Manhães de Mendonça é bacharel em teologia pelo Seminário Presbiteriano Rev. Asbel Green Simonton (Seminário do Rio de Janeiro). Atua como pastor na Igreja Presbiteriana Central em São Pedro da Aldeia e Congregação Presbiteriana Novo Mundo em Cabo Frio. É casado com Antônia Mendes Mendonça e pai da Ana Carolina e Pedro.
R. C. Sproul (1939-2017) foi fundador do Ligonier Ministries, editor executivo da revista Tabletalk, plantador e pastor da Saint Andrew’s Chapel, na Flórida, e o primeiro diretor da Reformation Bible College. Sproul também foi um dos apresentadores do programa de rádio Renewing your Mind, ainda transmitido diariamente. Escreveu mais de uma centena de livros, entre eles Filosofia para iniciantes, Faça diferença e Se Deus existe, por que existem ateus?, publicados por Vida Nova.
Peter J. Gentry (PhD, University of Toronto) é professor de Interpretação do Antigo Testamento no Southern Baptist Theological Seminary e diretor do Hexapla Institute.
É Ph.D. pela Northwestern University. Foi professor de Teologia Sistemática e deão no Bethel Seminary durante muitos anos. Atualmente leciona no Western Seminary, nos Estados Unidos. No Brasil, tornou-se bastante conhecido por causa de sua Introdução à Teologia Sistemática, obra também publicada por Edições Vida Nova.
Martinho Lutero (1483-1546), uma das figuras mais importantes da história ocidental, foi um personagem fundamental da Reforma Protestante. Lutero é mais conhecido por suas Noventa e Cinco Teses (1517). Nelas, Lutero argumentava que as indulgências não eram atos de penitência que poderiam substituir o verdadeiro arrependimento.
J. C. Ryle (1816-1900) foi bispo da Igreja da Inglaterra, em Liverpool. Conhecido por sua erudição e piedade, Ryle era também um escritor prolífico, um pregador vigoroso e um ministro fiel. Suas obras mais conhecidas são “Santidade” e também uma série de meditações nos quatro evangelhos, todos publicados pela Editora Fiel.
Hudson Carvalho é Mestre em Divindade (M.Div.) pelo Seminário Martin Bucer (São José dos Campos, SP), com ênfase em Teologia Histórica e Sistemática. Atua como pastor na Igreja Reformada em Vila Velha, especialmente na parte de ensino. É editor do EvangelhoEterno.Org, que visa propagar o evangelho de Jesus Cristo por meio de uma abordagem bíblica e confessional (teologia reformada). É casado com Luane Magnago e tem uma filha, Alice.
Gedimar Junior é formado em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico Betel Brasileiro e pelo Seminário Martin Bucer. Mestre em hermenêutica e exposição bíblica pelo Seminário Teológico Evangélico Betel Brasileiro (ThM). Atualmente é mestrando em divindade (MDiv) pelo Seminário Martin Bucer, com ênfase em Teologia Sistemática e Histórica, e bacharelando em Filosofia na Faculdade Presbiteriana Mackenzie. É professor de teologia e filosofia no Seminário Betel Brasileiro e no Seminário Teológico Batista do Sudeste. Serve à Igreja do Senhor como presbítero na Igreja Batista Vila Olímpia, SP.
O portal EvangelhoEterno.Org é um site cristão criado com o objetivo de contribuir para o avanço do Evangelho de Jesus Cristo em toda a face da terra. Temos o desejo de que as pessoas estejam cheias da Palavra de Deus, que é a verdade absoluta, e do poder do Espírito Santo.
Charles Haddon Spurgeon, referido como C. H. Spurgeon, foi um famoso pregador batista inglês, que se tornou conhecido como “o príncipe dos pregadores”. Durante seus mais de 30 anos de ministério, Spurgeon pregou para grandes multidões e escreveu mais de 3.500 sermões e 135 livros, muitos dos quais ainda são lidos e estudados hoje. Ele foi um defensor do evangelho reformado e enfatizou a importância da pregação expositiva das Escrituras.
A W Pink
Arthur W. Pink (1886-1952) foi um dos autores evangélicos mais influentes da segunda metade do século XX. Erudito bíblico de persuasão reformada e puritana, Pink escreveu várias obras literárias e pastoreou diversas igrejas nos EUA, além de ter servido como ministro na Inglaterra e Austrália.

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